Putin anuncia cessar-fogo de 72 horas na Ucrânia em meio a críticas e tensões diplomáticas
O governo da Rússia anunciou nesta segunda-feira (28) um cessar-fogo de três dias na Ucrânia, previsto para ocorrer entre 8 e 11 de maio. Segundo o Kremlin, a trégua foi decretada por "razões humanitárias" e também para marcar o 80º aniversário do Dia da Vitória, que celebra a derrota da Alemanha Nazista pela União Soviética e seus aliados na Segunda Guerra Mundial.
De acordo com o comunicado oficial, o cessar-fogo vigorará do início do dia 8 até o final de 10 de maio. Moscou solicitou que a Ucrânia também aderisse à trégua, mas advertiu que responderá de forma "adequada e eficaz" caso ocorram violações por parte de Kiev.
Até a última atualização desta reportagem, o governo ucraniano não havia se pronunciado sobre a proposta. Em nota anterior, porém, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia reiterou o desejo por um "cessar-fogo imediato e duradouro".
O anúncio do Kremlin ocorre em um momento delicado nas relações internacionais. No último fim de semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou abertamente os recentes ataques russos a Kiev, acusando Vladimir Putin de tentar prolongar a guerra. Em uma reaproximação com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, Trump defendeu que Putin "pare com os bombardeios" e "assine um acordo" de cessar-fogo definitivo.
Trump e Zelensky se encontraram no Vaticano durante o funeral do Papa Francisco. O encontro representou uma reviravolta na relação entre os dois líderes, que havia se desgastado após uma visita tensa de Zelensky à Casa Branca em fevereiro, quando Trump sinalizava maior alinhamento com Moscou.
Após a reunião, Trump declarou que Zelensky está "mais calmo", reconheceu que a Ucrânia enfrenta "uma força muito maior" e reforçou que a paz precisa ser alcançada. Negociações mediadas pelos Estados Unidos buscam um acordo entre Kiev e Moscou.
Esta é a segunda vez em menos de duas semanas que Putin anuncia um cessar-fogo. O primeiro, de 30 horas durante a celebração da Páscoa, foi marcado por acusações de descumprimento feitas pela Ucrânia.
A guerra, que já dura mais de três anos, continua sem uma solução definitiva à vista. Um dos principais impasses envolve o futuro dos territórios ocupados pela Rússia, que atualmente controla cerca de 20% do território ucraniano, incluindo a Crimeia — anexada em 2014. Zelensky insiste na devolução integral dessas áreas, enquanto Moscou afirma que não abrirá mão dos territórios anexados.
Trump, por sua vez, tem sinalizado que uma eventual aceitação das anexações pode ser a chave para a paz.