Fernando Collor: Da Glória ao Cárcere – Ascensão, Queda e Escândalos de um Ex-Presidente
Mais de três décadas após deixar o Palácio do Planalto, Fernando Collor de Mello, ex-presidente e ex-senador, volta ao centro das atenções — desta vez, algemado.
Preso na madrugada desta sexta-feira (25), em Maceió (AL), por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Collor foi detido por volta das 4h, quando se preparava para viajar a Brasília e se entregar. Agora, permanece custodiado na Superintendência da Polícia Federal em Alagoas.
Condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Collor encerra um ciclo turbulento de sua carreira pública, marcada por escândalos, denúncias e episódios que marcaram profundamente a política brasileira. Relembre abaixo os momentos mais controversos de sua trajetória:
O Fiat Elba que custou a presidência
Foi um carro — um simples Fiat Elba Weekend 1991 — que iniciou a derrocada do primeiro presidente eleito por voto direto após a ditadura militar. A compra do veículo com recursos desviados por Paulo César Farias, o PC Farias, tesoureiro de sua campanha, foi a faísca que incendiou o processo de impeachment. Mesmo absolvido pelo STF em 1994 por falta de provas, o estrago já estava feito.
O esquema PC Farias: denúncia vinda de dentro
A revelação mais bombástica veio do próprio irmão de Collor. Pedro Collor denunciou à revista Veja que PC Farias comandava um sofisticado esquema de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações — tudo, segundo ele, com o conhecimento do presidente. As denúncias explodiram na mídia, impulsionaram o movimento popular e alimentaram o processo de impeachment.
O confisco que abalou o país
Em 1990, tentando controlar uma hiperinflação de 84% ao mês, o então presidente lançou o polêmico Plano Collor. Uma das medidas mais impopulares da história brasileira: o confisco das contas-poupança e investimentos da população por até 18 meses. A indignação nacional foi profunda e duradoura — e nem os pedidos de desculpa feitos décadas depois conseguiram apagar as marcas dessa decisão.
'Caras-pintadas' e o grito das ruas
Em 1992, milhares de jovens tomaram as ruas com rostos pintados de verde e amarelo exigindo o fim do governo Collor. O movimento estudantil dos "caras-pintadas" foi decisivo para pressionar o Congresso a agir. A força das manifestações levou o Parlamento a aprovar, com ampla maioria, o afastamento do presidente.
Renúncia frustrada e cassação
Já afastado, Collor tentou renunciar em dezembro de 1992, numa última cartada para preservar seus direitos políticos. Mas o Senado manteve o julgamento, e a cassação foi confirmada — marcando o fim oficial de sua breve presidência.
Polêmicas, ostentação e declarações infelizes
Collor cultivava a imagem de um líder jovem e ousado. Entre jet-skis, partidas de tênis e discursos inflamados, soltou a infame frase de que tinha “aquilo roxo” — um comentário machista e vulgar que virou motivo de piada e crítica. Sua postura midiática, antes considerada inovadora, passou a ser vista como arrogante.
Rituais, revelações e a Casa da Dinda
Em 2012, Rosane Collor, ex-primeira-dama, chocou ao afirmar que o marido participava de rituais de magia na Casa da Dinda, residência oficial da família em Brasília. A mansão também foi palco de outro escândalo: o superfaturamento de US$ 2,5 milhões na reforma de seus jardins, pagos com dinheiro de contas fantasmas.
Lava Jato e os carros de luxo
Décadas depois, Collor voltou às manchetes na Operação Lava Jato. Em 2014, a Polícia Federal apreendeu em sua residência três supercarros — uma Ferrari vermelha, um Porsche preto e uma Lamborghini prata — todos avaliados em milhões de reais. A exibição de riqueza contrastava com a imagem pública de "caçador de marajás" que o havia alçado à presidência nos anos 90.
O fim de uma era
A prisão de Fernando Collor em 2025 simboliza o encerramento de uma trajetória repleta de altos e baixos, promessas quebradas e escândalos sucessivos. De herói contra os privilégios à figura envolta em denúncias, Collor se tornou um dos protagonistas mais controversos — e marcantes — da história republicana brasileira.
Da redação: CNB