O padre José Marins, natural de Botucatu (SP) e um dos nomes mais importantes na criação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) na América Latina, relembra com carinho sua convivência com o então cardeal Jorge Mario Bergoglio, anos antes de ele se tornar o Papa Francisco.

Aos 93 anos, Marins conta que conheceu Bergoglio em Buenos Aires, durante uma missão pastoral para apresentar o modelo das CEBs, movimento ligado à Teologia da Libertação, que defende uma Igreja mais próxima dos pobres. “Antes mesmo de eu falar, ele já sabia o que era comunidade de base”, recorda o sacerdote, destacando o interesse e sensibilidade do futuro papa.

Francisco faleceu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, após 38 dias de internação devido a uma pneumonia. Segundo o Vaticano, a causa da morte foi insuficiência cardíaca e um AVC.

Ordenado em Roma, padre Marins ingressou no seminário aos 13 anos e, ao longo das décadas, tornou-se referência em ações pastorais voltadas às periferias e à justiça social. Em sua viagem à Argentina, conviveu por cerca de uma semana com Bergoglio, que na época era bispo e já liderava os demais bispos do país.

Surpreso com a escolha de Bergoglio como papa em 2013, Marins conta que não imaginava que alguém tão simples pudesse ser eleito. “Ele era muito do povo, não tinha cerimônia”, afirma.

Para ele, essas características explicam a popularidade de Francisco ao longo de seu papado. “Ele foi um homem que soube chegar ao povo. Aprendeu como falar com aqueles que não são os grandes. Se a Igreja se aproxima, esse papa chegou muito perto do povo. Ele foi muito aceito”, conclui.

Após a eleição de Francisco, padre Marins teve a oportunidade de reencontrar o antigo colega no Vaticano, agora como líder máximo da Igreja Católica.