Com ferramentas específicas, criadores geram modelos nuas, simulam cenas de sexo e vendem esse material em plataformas 18+, como OnlyFans, Privacy e LinkPriv. Elaine Pasdiora, de 35 anos, moradora de Porto Velho (RO), já faturou mais de R$ 20 mil entre janeiro e março de 2025, grande parte vinda da venda de cursos ensinando a criar essas mulheres virtuais.

Como são criadas as "IAs do Job"? Os criadores usam sites que permitem gerar imagens de corpos nus ou em ações sexuais. Algumas plataformas oferecem modelos prontos, mas também é possível personalizar detalhes com comandos específicos. Outras ferramentas adicionam movimento e fala, criando uma interação mais realista.

Para vender o conteúdo, criam perfis em redes sociais, como o Instagram, que funcionam como vitrines para atrair assinantes em plataformas pagas.

Reforço de estereótipos e questões éticas A maioria das "garotas do job" segue padrões de beleza europeus: mulheres brancas, corpos "perfeitos" e, em menor número, perfis fetichizados de mulheres morenas e bronzeadas. É um reflexo das preferências do público, majoritariamente formado por homens com mais de 40 anos e estrangeiros de países como EUA, Índia e Paquistão.

No entanto, o crescimento desse nicho levanta questões éticas. Algumas pessoas ensinam a burlar sistemas de verificação de identidade em plataformas adultas, enquanto outras manipulam fotos de pessoas reais para criar seus personagens, o que configura crime.

O boom dos cursos do "nicho hot" Com a popularização, surgiram diversos cursos que prometem ensinar a criar e lucrar com essas IAs. Os valores variam entre R$ 30 e R$ 50, e muitos criadores alertam que o retorno financeiro não é imediato.

Embora a tendência tenha ganhado força no Brasil apenas no fim de 2024, a indústria de IA para conteúdo adulto é gigantesca e deve crescer ainda mais, com empresas investindo em pornografia personalizada e interativa.

A discussão sobre regulamentação ainda está em andamento no Brasil, mas o futuro das "IAs do job" já está em construção, enquanto criadores e plataformas correm para definir seus limites e explorar esse novo universo digital.