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Impressões: Ford F-150 2024 é um Titanic para o asfalto - e isso é ótimo

Impressões: Ford F-150 2024 é um Titanic para o asfalto - e isso é ótimo

Existem dois caminhos que você pode seguir ao optar por um automóvel: o racional e o emocional. Escolher pela razão significa procurar o modelo mais econômico e que melhor atende suas necessidades mais básicas de locomoção, seja diária ou esporádica.

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Quando, porém, nos guiamos pela emoção, quase sempre acabamos comprando algo que não necessariamente precisamos, mas que convence por ser estupidamente divertido e nos proporcionar uma experiência que a racionalidade jamais conseguiria fazer igual. O Ford F-150 é um perfeito exemplo de compra emocional que nos faz abrir mão da razão sem reclamar.

São seis opções de cores sem custo adicional. A do modelos das fotos é o Cinza Torres.

Não faz muito tempo que a Ford atualizou a picape de porte grande no Brasil , mas agora chegou a vez de conferir seu comportamento pelas ruas e estradas. Para isso, o TecMundo foi até as cidades de Vinhedo e Itatiba, no estado de São Paulo, para dirigir a americana e trazer todas as impressões para você.

A montadora preparou um percurso de aproximadamente 100km, saindo da capital paulistana até o município de Itatiba, mas com uma breve parada em Vinhedo. Não é um trajeto longo, porém, deu para ter uma boa noção do que o F-150 pode fazer e, é claro, experimentar uma parte dos inúmeros recursos tecnológicos e de conforto que ele oferece.

Interior mais parece uma sala de estar. Há sobra de espaço mesmo para cinco adultos grandes.

Itatiba/SP - o F-150 é, sem exageros, imenso. São quase 6 metros de comprimento, quase 2 metros de altura e o entre-eixos é maior do que um Renault Kwid. Os superlativos continuam quando se abre o capô: o 5.0 V8 a gasolina da família Coyote, que também equipa o Mustang, está lá pronto para gerar até 405cv e 56,7kgfm de potência e torque máximos.

Equipado com câmbio automático de 10 marchas e tração integral seletiva, do tipo 4WD com reduzida, ele vai de 0 a 100km/h em 7,1 segundos, número espantosamente bom para um monstro de 2.470kg. Mesmo com tudo isso e umas aceleradas esporádicas, nossa média em percurso majoritariamente rodoviário foi de impressionantes 10,1km/l.

Interior traz forração toda em preto. O enorme teto panorâmico permite maior entrada de luz.

O ruim é que embora o F-150 consiga esconder seu tamanho na hora de andar pelas ruas, não há milagre no momento das manobras. A picape é enorme e até conta com recursos como câmeras em 360º com múltiplas visualizações e sensores de estacionamento, mas ainda assim exige paciência e atenção redobradas para não bater ou raspar em nada.

Todo esse tamanho tem seu lado bom: cinco adultos se acomodam com conforto de sobra mesmo que sejam grandes. É fácil achar a melhor posição para dirigir, pois até os pedais contam com ajuste elétrico de distância; os dois bancos da frente e o volante também trazem controles elétricos, favorecendo a ergonomia e permitindo dirigir por horas sem cansar.

Painel de instrumentos é 100% digital e a interface é bastante familiar.

Falando em dirigir, o 5.0 de oito cilindros é delicioso de se ouvir - não é abrutalhado como o do Cayenne que testamos mês passado, mas ainda é música para os ouvidos em tempos de sumiço dos V8. Basta pisar um pouco mais fundo e a sinfonia começa a ecoar na pista, arrancando sorrisos dos ocupantes e fazendo a picape avançar progressivamente.

Não espere por reações explosivas ou seu corpo grudado no banco, afinal, não estamos na versão Raptor. Ainda assim, porém é possível se surpreender com a eficiência da tocada do F-150 e do câmbio de dez marchas que conduz toda a orquestra - ele permite trocas manuais por botões nem um pouco intuitivos na alavanca. Sentimos falta dos paddle-shifters.

Tampa da caçamba pode ser aberta de duas maneiras; a convencional e uma parcialmente horizontal.

O acerto de suspensão é mais molenga do que o brasileiro costuma gostar, contudo, as imperfeições da pista quase não são sentidas, o que é ótimo. Já a ambientação consegue ser simples e sofisticada ao mesmo tempo: as interfaces do cluster de instrumentos e da central multimídia são básicas, entretanto, funcionam bem e são fáceis de se ler.

O acabamento geral é muito bom, trazendo várias partes macias ao toque e detalhes decorativos. Além disso, outro ponto positivo é a profusão de botões por todos os lados; felizmente a Ford não substituiu funções básicas por comandos em tela que são modernos e bonitos, mas desviam desnecessariamente a atenção da pista.

Da esquerda para a direita: Preto Vesúvio, Cinza Torres e Azul Monaco.

No final das contas, o contato inicial com o F-150 reestilizado para 2024 agradou muito e faz o preço tabelado em R$519.990 parecer pouco mediante tudo o que se leva. Pode não andar tanto quanto o Ram 1500 atualizado, entretanto, o fato de não ter perdido o motor V8 continua sendo um de seus maiores trunfos e, é claro, fontes de prazer ao volante.

As novidades como o Head-Up Display, a porta da caçamba com abertura parcialmente horizontal e o estribo fixo foram muito bem-vindas. Resta saber se é possível conviver com ela diariamente em um teste mais longo, pois todo esse tamanho se torna bastante indigesto no uso urbano. Quem sabe daqui a alguns meses ou, talvez, semanas...

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